Review: Wahoo Elemnt Bolt
Há cerca de um ano e três meses escolhi o Wahoo Elemnt Bolt para substituir o meu velhinho Garmin Edge 500. A escolha mais lógica seria continuar na Garmin com um Edge 520, mas o feedback positivo que fui recolhendo acerca do Bolt fez-me avançar para a compra e tem sido desde essa altura o meu fiel companheiro de treino. Após mais de 480h de utilização, seguem as minhas impressões acerca deste equipamento.
Em termos estéticos aquilo que me chamou desde logo à atenção foi o design aero e a perfeita integração quando montado na bicileta. O suporte permite que o Bolt fique nivelado com o avanço da bicicleta, quase parecendo um prolongamento do mesmo. O tamanho e o peso são também pontos bastante positivos que destaco. Menos impressionado fiquei com a qualidade do material com que é construída a parte exterior do GPS. Apesar de ser agradável à vista, a utilização de mais plástico do que borracha dá-me a sensação de maior fragilidade em caso de queda. Poderá ser apenas uma sensação, mas felizmente nunca precisei de a testar.
O Wahoo Elemnt Bolt permite ligação através dos protocolos ANT+, Bluetooth e Wireless. Na ligação dos sensores (medidor de FC e medidor de potência) utilizo o ANT+ sem qualquer tipo de problema até ao momento. Alguns segundo após ligar o GPS já tenho a leitura dos dados dos sensores no ecrã. O Bluetooth é utilizado apenas para emparelhamento com o telemóvel (Huawei P10 lite) e neste caso a ligação já não é tão estável, uma vez que durante um treino de 3 ou 4h há momentos em que o telemóvel desemparelha com o GPS. Neste caso creio que o problema estará no telemóvel, uma vez que a Wahoo anuncia no seu site incompatibilidades entre o Bolt e os equipamentos Huawei. Quanto à ligação wireless, nada a dizer. Muito rápido quer a carregar treinos para o Strava e TrainingPeaks, quer a sincronizar os treinos programados.
A configuração de todas as definições do equipamento é feita de forma muito simples e intuitiva através de uma app própria que se instala no telemóvel. Temos disponíveis inúmeras métricas para colocar nas várias páginas do ecrã e todas as configurações que fazemos são aplicadas ao Bolt de forma instantânea.
Quanto ao funcionamento do equipamento, este é também bastante simples. Destaco as teclas de zoom que nos permitem reduzir ou aumentar o número de campos de dados visíveis no ecrã, bastante útil quando nos queremos concentrar em determinados dados, como por exemplo na realização de séries em que precisamos de controlar a potência em determinado intervalo. Estas teclas também são bastante úteis em navegação e para os perfis de altimetria. O Bolt tem uma fila de LEDs por cima do ecrã que podem ser configurados para indicar as zonas de FC ou de Potência, o que é bastante útil durante os treinos.
Utilizo bastante o Bolt para treinos estruturados que crio no TrainingPeaks e para mim é excelente. Potência alvo, frequência cardíaca, cadência, tempo restante da série, tempo total do treino, tudo está ao nosso dispor para conseguirmos controlar o treino de forma simples e eficaz. Aqui mais uma vez os LEDs são bastante úteis para controlo da potência (ou FC) alvo.
Apesar do ecrã ser monocromático, o contraste é muito bom e a navegação bastante fácil. Temos disponíveis os mapas de vários países e, no caso do mapa de Portugal, está bastante completo e actual. As rotas podem ser criadas no Strava, no Komoot ou no Ride with GPS e estas são sincronizadas de forma automática para o Bolt. Quando criadas de raíz, as rotas do Ride with GPS e do Komoot ficam com indicações Turn by Turn. Através da opção Take me Anywhere podemos a qualquer momento configurar uma rota na app e utilizá-la de imediato no Bolt, com indicações Turn by Turn.
Os Strava Live Segments também estão disponíveis no Bolt, desde que tenhamos esse serviço subscrito no Strava. Os segmentos que assinalamos como favoritos aparecem-nos de forma instantânea no ecrã assim que nos aproximamos do seu inicio e dessa forma podemos saber, em tempo real, o nosso tempo e respectiva classificação.
Após finalizarmos o treino o Bolt disponibiliza-nos uma infinidade de métricas para analisarmos no imediato. Desde as mais básicas como o tempo, distância e velocidade média até aos mais avançados como TSS, NP, IF e picos de potência para várias durações.
Em termos de autonomia a Wahoo anuncia 15h, dependendo claro dos sensores que tenhamos ligados ao equipamento. Por experiência própria, com os sensores de FC e potência ligados já fiz treinos com mais de 10 horas sem esgotar a bateria.
De forma resumida, destaco como pontos fortes:
. o design aerodinâmico;
. a simplicidade de configuração e de operação com o equipamento;
. os treinos estruturados;
. a autonomia;
Como pontos a melhorar assinalo essencialmente um:
. a impossibilidade de carregar treinos estruturados no equipamento, de forma manual, ficando “reféns” da utilização do TrainingPeaks para criação e programação dos treinos; a versão free do TrainingPeaks permite fazer tudo isso mas é muito limitada, não sendo possível, por exemplo, criar e gravar treinos na nossa biblioteca; cada vez que queremos fazer uma treino é necessário voltar a criá-lo de raíz; a versão premium já possibilita fazer isto e muito mais, mas com o inconveniente de ser paga.
Se voltava a comprar o WAhoo Elemnt Bolt e/ou se o recomendo? Com certeza que sim!